terça-feira, novembro 08, 2011

A Voz Do Silêncio

Pior do que a voz que cala,
É um silêncio que fala. 
Simples, rápido! E quanta força! 
Imediatamente me veio à cabeça situações 
Em que o silêncio me disse verdades terríveis, 
Pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. 
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. 
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. 

Silêncios que falam sobre desinteresse, 
Esquecimento, recusas. 
Quantas coisas são ditas na quietude, 
Depois de uma discussão. 
O perdão não vem, nem um beijo, 
Nem uma gargalhada 
Para acabar com o clima de tensão. 
Só ele permanece imutável, 

O silêncio, a ante-sala do fim. 
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas 
Que a gente não quer ouvir, 
Pois ao menos as palavras que são ditas 
Indicam uma tentativa de entendimento. 
Cordas vocais em funcionamento 
Articulam argumentos, 
Expõem suas queixas, jogam limpo. 
Já o silêncio arquiteta plano 
Que não são compartilhados. 

Quando nada é dito, nada fica combinado. 
Quantas vezes, numa discussão histérica, 
Ouvimos um dos dois gritar: 
"Diz alguma coisa, mas não fica 
Aí parado me olhando!" 


É o silêncio de um, mandando más notícias 
Para o desespero do outro. 
É claro que há muitas situações 
Em que o silêncio é bem-vindo. 

Para um cara que trabalha 
Com uma britadeira na rua, 
O silêncio é um bálsamo. 
Para a professora de uma creche, 
O silêncio é um presente. 
Para os seguranças de um show de rock, 


O silêncio é um sonho. 
Mesmo no amor, 
Quando a relação é sólida e madura, 
O silêncio a dois não incomoda, 
Pois é o silêncio da paz. 
O único silêncio que perturba, 
É aquele que fala. 
E fala alto. 


É quando ninguém bate à nossa porta, 
Não há emails na caixa de entrada 
Não há recados na secretária eletrônica 
E mesmo assim, você entende a mensagem.

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